EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (EAU) E BRASIL SE UNEM PARA FORMAR PROFISSIONAIS DA AGRICULTURA EM ANGOLA E GUINÉ-BISSAU

Esta iniciativa reflete uma forte cooperação internacional, reunindo quatro países de três continentes – Ásia, África e América do Sul.

Em uma iniciativa inédita, os Emirados Árabes Unidos (EAU) e o Instituto Brasil-África (IBRAF) estão unindo esforços para fortalecer as competências técnicas de jovens africanos. O Programa de Formação Técnica para a Juventude (Youth Technical Training Program – YTTP) prevê a formação de 50 profissionais oriundos de Angola e Guiné-Bissau, respectivamente nos setores de cacau e castanha de caju.

Este projeto demonstra uma cooperação internacional fortalecida, envolvendo quatro países distribuídos em três continentes – Ásia, África e América do Sul. Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS 2 – Fome “zero”, ODS 4 – Educação de qualidade, ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico), a iniciativa liderada pelo IBRAF visa preencher o déficit de competências e conhecimentos em setores-chave de certos países africanos.

O impacto econômico deste programa é duplamente estratégico. Por um lado, o setor da castanha de caju representa mais de 90% das exportações da Guiné-Bissau, o que o torna um pilar de sua economia. Por outro lado, o cacau foi classificado como o produto mais valioso do ano de 2024, com países africanos – especialmente os da costa oeste como Angola – liderando a produção mundial, oferecendo um potencial considerável no mercado internacional.

Os profissionais guineenses receberão formação prática no centro Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (Estado do Ceará), enquanto os participantes angolanos serão recebidos na Unidade Mista de Pesquisa e Inovação em Cacau (UMIPI), localizada em Ilhéus, no Estado da Bahia. Uma segunda fase do programa acontecerá posteriormente em instituições-chave nos Emirados Árabes Unidos, que participam ativamente na elaboração dos conteúdos pedagógicos, na mobilização de especialistas-formadores, assim como no financiamento do projeto.

S.E. Reem Bint Ebrahim Al Hashimy, Ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados, declarou:

“Esta parceria incorpora o compromisso dos Emirados Árabes Unidos com o desenvolvimento sustentável e o empoderamento das comunidades por meio da transferência de conhecimentos e competências. Ao investir na educação e no fortalecimento de capacidades em setores estratégicos como a agricultura, contribuímos para o crescimento econômico de longo prazo e a resiliência das nações africanas. Iniciativas colaborativas como esta fortalecem os laços internacionais ao mesmo tempo em que respondem a desafios globais importantes como a segurança alimentar e as desigualdades econômicas, abrindo caminho para um futuro mais próspero para todos.”

Por sua vez, S.E. Sheikh Shakhboot Bin Nahyan Al Nahyan, Ministro de Estado dos EAU, destacou que esta iniciativa se insere plenamente na estratégia emiradense na África:

“Os Emirados adotaram uma abordagem dinâmica no continente africano, centrada no desenvolvimento internacional, ajuda humanitária e investimento. Nosso forte compromisso com a segurança alimentar, ação climática, desenvolvimento econômico e melhoria dos cuidados de saúde testemunha esta vontade. Este programa mostra todo o potencial da cooperação internacional para gerar uma mudança positiva e promover um futuro interconectado e próspero para a África.”

O Ministro brasileiro das Relações Exteriores, S.E. Mauro Vieira, por sua vez, saudou o papel essencial do IBRAF no fortalecimento dos laços entre o Brasil e os países africanos através de programas de formação:

“Gostaria de parabenizar o Instituto Brasil-África, que desempenha um papel motor na aproximação entre o Brasil e o continente africano, desenvolvendo um ecossistema de formação técnica dedicado à juventude africana. O YTTP utiliza metodologias e ferramentas pedagógicas adaptadas ao desenvolvimento profissional, com ênfase na transferência de saberes, competências e tecnologias onde o Brasil é reconhecido como líder mundial.”

O professor João Bosco Monte, presidente do IBRAF, precisou:

“O YTTP implementa estratégias de desenvolvimento profissional sob medida, respondendo às necessidades específicas dos países africanos. Apoiando-se na expertise brasileira em setores-chave, permitimos aos participantes adquirir tanto conhecimentos técnicos quanto competências práticas capazes de impulsionar uma mudança real em suas comunidades. Esta iniciativa ilustra um forte compromisso com o desenvolvimento sustentável por meio do fortalecimento de capacidades.”

O Ministro angolano das Relações Exteriores, S.E. Teté António, destacou a importância do programa para os objetivos agrícolas de longo prazo do país:

“Este projeto está em perfeita adequação com a estratégia do governo angolano em matéria de segurança e soberania alimentar, ao mesmo tempo em que responde a necessidades mais amplas de desenvolvimento pela agricultura. A parceria com o Brasil e os Emirados fortalece nossas capacidades para modernizar o setor agrícola aproveitando expertise internacional.”

Por fim, o Embaixador da Guiné-Bissau no Brasil, S.E. M’bala Fernandes, insistiu no alcance simbólico e econômico da castanha de caju para seu país:

“A castanha de caju não é apenas um produto agrícola para a Guiné-Bissau – é um pilar da nossa economia e um símbolo da nossa resiliência. Fortalecer este setor requer investimento na produção local e no desenvolvimento da indústria de processamento. A participação dos Emirados neste programa, em colaboração com o Instituto Brasil-África, representa um avanço importante para aumentar a competitividade do nosso setor de caju em escala internacional.”

Lançado pela primeira vez durante a Cúpula da União Africana de 2024 em Adis Abeba, este programa visa formar 1.000 jovens africanos até o final de 2025, a fim de capacitá-los para estimular o crescimento econômico e a inovação em seus respectivos países.