COMO A ARGÉLIA ESTÁ MOLDANDO UMA ECONOMIA DINÂMICA PARA O FUTURO
ECONOMIA POLÍTICA
Tamafrica & T.R. Makanga
4/24/20254 min read


As exportações não relacionadas a hidrocarbonetos triplicaram desde 2017, atingindo 5,1 bilhões de dólares em 2023, o que representa, contudo, apenas 2% do PIB.
Ao amanhecer, enquanto a luz atravessa o porto de Argel, os guindastes trabalham ativamente sobre pilhas de contêineres. "Há dez anos, 90% desses navios transportavam petróleo e gás", conta um funcionário do porto, apontando para embarcações carregadas de fertilizantes, bobinas de aço e caixas de tâmaras. "Hoje, vemos a mudança no que exportamos — não são mais apenas produtos petrolíferos. Este é o nosso futuro."
Por muito tempo dependente dos hidrocarbonetos, a Argélia traça hoje uma trajetória ambiciosa rumo à diversificação econômica. Enquanto historicamente mais de 90% de suas receitas de exportação provinham do petróleo e gás, o país está realizando uma profunda transformação para reduzir essa dependência e atrair investimentos estrangeiros. Medidas recentes, apoiadas pelo Banco Mundial, começam a dar frutos, como destaca o relatório Algeria Economic Update para o segundo semestre de 2024.
As exportações não relacionadas a hidrocarbonetos triplicaram desde 2017, atingindo 5,1 bilhões de dólares em 2023, o que representa apenas 2% do PIB. As principais exportações incluem fertilizantes, produtos siderúrgicos e cimento, todos sinais encorajadores de uma ampliação da base econômica argelina. No entanto, esse portfólio ainda permanece limitado, o que enfatiza a necessidade de continuar os esforços de diversificação.
No centro desta transformação está o Sistema Portuário Comunitário Argelino (APCS), lançado em julho de 2021 com o apoio do Banco Mundial. Esta plataforma digital conecta todos os atores portuários e reduz os prazos de desembaraço aduaneiro ao reunir alfândega, companhias marítimas e exportadores em uma única interface. A assistência técnica do Banco Mundial também permitiu a implementação de um marco jurídico, o diálogo entre as partes interessadas e visitas de estudo a portos internacionais como o de Barcelona.
"O APCS marca um ponto de virada para o setor de comércio na Argélia", afirma Meriem Ait Ali Slimane, economista sênior do Banco Mundial. "Ele mostra como reformas direcionadas podem gerar um impacto econômico transformador."
A lei de investimento de 2022 constitui uma alavanca essencial desta estratégia. Ela visa atrair investidores nacionais e estrangeiros oferecendo incentivos como isenções fiscais, dispensas de direitos aduaneiros e simplificação de procedimentos administrativos através da nova Agência Argelina de Promoção do Investimento (AAPI). A AAPI implementou uma plataforma digital facilitando o acesso a terrenos, informações e benefícios disponíveis. O Banco Mundial apoiou esta iniciativa com treinamentos e recomendações políticas, especialmente sobre a atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) e o desenvolvimento de setores voltados para a exportação.
O setor agrícola argelino também conheceu avanços, particularmente na exportação de produtos frescos. A assistência técnica do Banco Mundial permitiu a realização de estudos de mercado, análises de cadeias de valor e diálogos público-privados. Uma campanha lançada em 2018, apoiada pelo Banco Mundial, permitiu a coleta de mais de 800.000 peles de ovelha, abrindo novas perspectivas para a indústria do couro. Esta iniciativa foi apenas a primeira de uma série de soluções para questões ambientais. Esforços similares na indústria focaram em setores como cortiça ou mecânica de precisão. Programas de fortalecimento de capacidades — visitas de estudo, treinamentos — permitiram uma melhor coordenação entre os atores.
Para garantir que os produtos argelinos atendam às normas internacionais, o organismo nacional de acreditação ALGERAC ampliou seu escopo de atuação. O Banco Mundial o ajudou a elaborar um plano estratégico de cinco anos e a fortalecer as competências do pessoal através de treinamentos online e presenciais. Em julho de 2024, o número de laboratórios acreditados passou para 135 contra 77 em 2021, um aumento de 75% em três anos. A acreditação é um trunfo essencial para alinhar os produtos argelinos aos padrões internacionais e acessar novos mercados.
Apesar desses progressos, a Argélia ainda enfrenta desafios em termos de produtividade e burocracia. A transição global para a descarbonização também representa um desafio, especialmente para exportações de alta intensidade de carbono como fertilizantes ou cimento, agora afetadas pelo Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras (CBAM) da União Europeia. Para manter o impulso, a Argélia precisará aumentar sua produtividade, atrair mais IED e tornar seus processos industriais mais verdes. O Banco Mundial recomenda introduzir um sinal de preço do carbono, diversificar os mercados de exportação e fortalecer as cadeias de valor em setores com alto potencial como energias renováveis ou tecnologias da informação.
"A Argélia tem forte potencial para diversificar suas exportações e se integrar às cadeias de valor globais", destaca Kamel Braham, representante residente do Banco Mundial na Argélia. "O desafio agora é capitalizar sobre essa dinâmica, eliminando os obstáculos estruturais e fortalecendo a competitividade."
A parceria entre a Argélia e o Banco Mundial continua para acompanhar essa transformação econômica. Ao digitalizar os processos comerciais, fortalecer as capacidades institucionais e diversificar os portfólios de exportação, o país está estabelecendo as bases para um crescimento sustentável.
E enquanto o sol nasce sobre o porto de Argel, os contêineres carregados de aço, cimento e produtos agrícolas — em vez de petróleo e gás — incorporam uma nova página na história econômica argelina.
Fonte: https://www.tamafrica.com/agribusiness/comment-lalgerie-faconne-une-economie-dynamique-pour-demain/