ÁFRICA SUBSAARIANA: CAMPEÃ INESPERADA DO COMÉRCIO MUNDIAL
GEOECONOMIA
Maceo Ouitona & T.R. Makanga
4/7/20252 min read


A África Subsaariana surpreende ao registrar o maior crescimento mundial em facilitação de comércio, segundo a OCDE. Impulsionada por reformas ambiciosas e uma dinâmica regional, a região se estabelece como um novo ator-chave no comércio internacional, apesar dos desafios ainda a serem superados.
A África Subsaariana cria surpresa no cenário do comércio internacional. De acordo com um relatório da OCDE publicado em 24 de março de 2025, esta região registra o progresso mais notável do mundo em termos de facilitação do comércio entre 2022 e 2024. Um desempenho que reflete esforços concretos na modernização de procedimentos, cooperação fronteiriça e digitalização, em um contexto global onde a agilidade das cadeias de suprimentos é mais crucial do que nunca.
Uma dinâmica de transformação regional
Entre 2022 e 2024, a África Subsaariana viu sua pontuação média de facilitação comercial saltar 6,5%, segundo indicadores da OCDE. Este número representa a taxa de crescimento mais alta em escala mundial, à frente das regiões do Oriente Médio e Norte da África (4,7%), Américas e Ásia-Pacífico (4,4%), e Europa e Ásia Central (3,1%). Este avanço não é insignificante: reflete uma dinâmica de reformas ambiciosas em uma região por muito tempo limitada por formalidades aduaneiras pesadas e falta de coordenação institucional.
Serra Leoa, Etiópia, Ruanda, Namíbia, Zâmbia, Costa do Marfim, Togo, Gana, Gâmbia e Benin estão entre os países mais reformadores no período. Estes Estados conseguiram concentrar seus esforços na simplificação dos procedimentos fronteiriços, automatização de formalidades, bem como na melhor disponibilidade de informações para operadores econômicos. Paralelamente, Maurício, África do Sul, Quênia e Senegal continuam a dominar em termos de desempenho global, confirmando seu papel como locomotivas econômicas da região.
Rumo a uma nova era de comércio africano
Os progressos não se limitam à fluidez dos processos. O relatório da OCDE destaca uma tendência global: as barreiras fronteiriças e formalidades administrativas diminuíram de 3 a 7% nos 163 países estudados, resultando em uma redução dos custos comerciais de até 5%. Para a África Subsaariana, estes avanços revelam um novo potencial: atrair mais investimentos, diversificar exportações e fortalecer o comércio intra-africano, especialmente no âmbito da Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZLECAf).
Embora os progressos sejam notáveis, o relatório também alerta sobre as diferenças persistentes entre os marcos regulatórios e sua implementação concreta. Para transformar o ensaio em realidade, os países deverão continuar seus esforços em termos de transparência, governança e cooperação entre agências. O desafio: tornar os ganhos atuais sustentáveis, reduzir custos logísticos e resistir às turbulências do comércio mundial.
Fonte:https://www.afrik.com/afrique-subsaharienne-championne-inattendue-du-commerce-mondial